Marseille: Um rápido olhar sobre esta cidade

Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo de Marseille e o Fort de Saint Jean
Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo de Marseille e o Forte de Saint Jean a esquerda, ao fundo a Basílica de Notre-Dame-de-la-Garde

Marseille foi o primeiro passo na minha pequena estadia pela Região da Provença-Alpes-Costa Azul (Provence-Alpes-Côte d’Azur), antes que eu pudesse seguir para Nice, Cannes e Mônaco.

Cheguei na estação Gare de Lyon por volta das 08h20 de 14 de janeiro, já o trem saiu de Paris às 08h37min e cheguei em Marseille ao meio dia, portanto cerca de 3h24min e quase 700 km.

A estada em Marseille foi bem curta, pouco mais de quatro horas, pois o tempo estava horrível, apesar de ensolarado a cidade estava com ventos acima de 60 km/h, o que tornou andar pela cidade uma tarefa bem difícil.

Chegando na cidade

Eu optei por usar o TGV, em razão de possuir o EURAIL PASS, que me fez economizar um valor considerável. Tendo em vista que a passagem de Paris à Marseille, pode custar mais de 100 euros.

Com o Eurail Pass, o custo foi de 37,63 euros pelo dia do Passe e 16 euros pela reserva do lugar no TGV, ou seja 53,63 euros.

Além disso, no mesmo dia usei o mesmo passe entre Marseille e Nice, usando o TER (Trem Regional), uma vez que não é necessário reserva e está incluso no passe diário do Eurail. Dessa forma, houve uma economia adicional, entre 35,60 euros, no TER e 64 euros no TGV.

Então, no lugar de gastar aproximadamente 135 euros, só gastei 53,63 euros do Passe e da Reserva no Trecho Paris-Marseille.

Me locomovendo por Marseille

Como a única atração de fato que eu visitei em Marseille foi o Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo, eu optei por fazer o caminho que separa a Estação de Trem Marseille-Saint-Charles do Museu a pé ou cerca de 2 quilômetros.

Dessa forma pude apreciar a cidade um pouco mais do que se tivesse pegado ônibus ou mesmo o metrô.

Marseille Pass

Assim como diversas outras cidades, Marseille também oferece um Passe que dá acesso a transporte, museus e descontos em alguns eventos.

Eu não utilizei, pelo pouco tempo que ficaria na cidade, mas para quem ficará mais tempo vale muito a pena pela economia gerada se considerar as visitas individuais.

Preço

Os passes estão disponíveis em três categorias:

  • 24 horas – 27 euros (17 euros se for entre 7 e 15 anos); – Para 28/11/2024: 29 euros
  • 48 horas – 37 euros (22 euros para idades entre 7 e 15 anos); – Para 28/11/2024: 39 euros
  • 72 horas – 43 euros (26 euros) – Para 28/11/2024: 47 euros

Transporte Público

Acesso livre tanto ao metrô, quanto aos ônibus, aos bonde e a balsa.

Além disso, possui a primeira hora gratuita para uso de bicicleta, em cada trajeto.

Museus

São ao menos 11 museus com entrada gratuita para as exposições permanentes e temporárias e tarifa reduzida para os Grandes Eventos.

Passeios

Possibilidade de fazer um circuito em trem turístico: Notre-Dame de la Garde ou Velha Marseille e Terraço do Porto.

Também é possível ir de barco até a Ilha de If ou as Ilhas do Frioul (se o mar estiver agitado, somente este estará disponível), ou ainda um circuito no ônibus colorido (Colorbüs).

E mais

  • Também é possível obter desconto em algumas
    lojas, dentre as quais, as Galerias Lafayette de Marseille.
  • Degustação em artesãos parceiros.
  • Tarifa reduzida para acesso a espetáculos,
    atividades de lazer e lugares culturais.

Mais detalhes podem ser consultados no site oficial da Prefeitura

MuCEM – Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo de Marseille

Museu Interdisciplinar onde se encontram antropologia, história, arqueologia e arte, por exemplo.

Foi criado em 2013, época em que Marseille foi eleita como uma das Capitais Culturais da Europa, está localizado no Porto Velho de Marseille e possui ligação com o Forte de Saint-Jean, que foi construído por exigência de Louis XIV, datado do século XVII, com algumas construções mais antigas, como a Torre quadrada construída pelo Rei René I de Nápoles para proteger o porto.

O edifício do MuCEM em si não tem traços de antiguidade, pois é um dos edifícios com designer mais modernos da área do porto, como se fosse um cubo que ‘respira’ com tantos ‘furos’ (minha opinião que é tão arquiteto/engenheiro como 1+1 = 4).

MuCEM

Como o próprio nome diz é um museu focado nas civilizações europeias e do mediterrâneo, o que inclui, portanto, as nações do norte da África.

Retrata dos tempos pré-greco-romano até os dias de hoje, com ferramentas de trabalho, estátuas, quadros, construções de moradia, dentre inúmeras outras opções de objetos para se conhecer, bem como vídeos sobre a época.

Flanando por Marseille

Como estava ventando muito forte acabei não andando muito pela cidade, então sai do MuCEM e acabei escolhendo outro caminho, e no fim retornei mais cedo para a Estação, no percurso me deparo com um Arco do Triunfo de Marseille, situado na Praça Jules-Guesde, comumente chamada de Porte d’Aix.

Diferentemente dos dois Arcos de Paris (o da Champs-Élysées e do Carrosel), este não é uma obra de Napoleão, foi feito em 1823, a pedido do prefeito de Marseille, o Marquês de Montgrand, em razão da vitória de Louis da França, Duque de Angoulême que restabeleceu à Madrid o poder absoluto do soberano Bourbon, Fernando VII, que havia sido retirado por Napoleão, em favor de seu irmão, Joseph Bonaparte.

A Cidade de Marseille e sua História

Antiguidade de Marseille

Assim como outras cidades, a ocupação da área de Marseille é antiga, com milhares de anos de história sobre a região, com comprovada presença de pessoas há mais de 15 mil anos.

E com registros de pelo menos 2600 anos da sua fundação, pelos Gregos, passou aos domínios Romanos, quando o Império se expandiu.

O nome Marseille (em português Marselha) deriva do Grego, Massalia, fundada em aproximadamente 600 a.C. o que a torna a cidade francesa mais antiga. Assim como outras cidades francesas antigas, inicialmente a cidade era voltada para o comércio (para com os Gregos e posteriormente romanos), já que a localização é estratégica ligando o interior da França com o Mar Mediterrâneo.

Ao longo dos séculos a cidade foi crescendo graças ao Comercio, inclusive de Vinho, que se acredita, após escavações ocorridas entre 2006-2007, que a cidade de Marseille possuiu os primeiros vinhedos da França.

Foi anexada em 49 a.C. ao Império Romano, onde permaneceu por vários séculos, até o colapso do Império Ocidental.

Idade Média

Com o final do Império Romano, Marseille foi conquistada pelos Francos, porém invadida algumas vezes pelos “bárbaros”, o que atrasou o desenvolvimento da cidade, já a partir do Século V, a cidade voltou a crescer e florescer, num período que ficou conhecido como a Era de Ouro, no período medieval da cidade.

Durante o reinado carolíngio não há muitas informações sobre a cidade, mas pelo que se sabe é um dos períodos mais sombrios, por entre outros motivos as pilhagens dos sarracenos, piratas bizantinos.

Com a divisão do Império Franco, em 843, pelo tratado de Verdun, Marseille ficou no Reino da Lotaríngia (Lotharingie) e pertenceu ao Sacro Império Romano, até o Século XV.

Durante a Idade Média, no período que a Peste Bubônica atingiu a Europa, a cidade de Marseille viu a sua população diminuir de aproximadamente 25 mil para 10 mil habitantes.

Renascimento – Século XVIII

Entre o fim da idade média e o início do Renascimento, a cidade de Marseille foi integrada ao Ducado da Provença e posteriormente ao Reino Francês.

Período em que alguns dos Reis franceses visitaram a cidade, como por exemplo Francisco I, que em 1516 passou pela cidade para conhecer um Rinoceronte que o Rei de Portugal, Manuel I estava enviando para o Papa Leão X, que havia naufragado na Ilha de If.

Já em meados do Século XVII, Louis XIV passou pela cidade com o exército para eliminar um levante contra o governo central, e dessa visita o rei ordenou a construção do Forte de Saint-Jean, para aumentar a defesa da cidade.

Revolução e o Império

O Hino da França tem sua origem na cidade de Marseille, não que tenha sido composta na cidade (foi composta em Strasbourg), ou feita por cidadãos de Marseille (Rouget de Lisle, nasceu em Lons-le-Saunier, na atual região da Borgonha-Franco-Condado, ou Bourgogne-Franche-Comté), mas sim pelo fato de a cidade ser normalmente contra o governo central francês e ter recebido a revolução francesa com entusiasmo.

Já durante o Império, a cidade floresceu graças ao comércio, em especial com as conquistas francesas no norte da África, principalmente a Argélia.

Século XX e XXI

Entre o fim do Século XIX e o início do Século XX, Marseille desenvolveu a sua indústria. Porém as Duas Guerras Mundiais causaram um caos na economia (para falar o mínimo).

Com incêndios e bombardeios, a cidade foi destruída, após o fim da Guerra as Repúblicas da Alemanha (Oriental e Ocidental) e da Itália tiveram que indenizar a reparação de danos causados.

Após o fim da segunda guerra mundial, as colônias francesas começaram a se tornar independente, o que trouxe uma série de dificuldades para a cidade de Marseille, já que perdeu comércio que era ali realizado.

E com isso foi alvo de centenas de milhares de imigrantes (em especial algerianos) de imigrantes que deixaram a Argélia e se instalaram na França).

E desde 1977, o Metrô de Marseille está em funcionamento, hoje consta com duas linhas e 28 estações, com um total de 21,9km de extensão.

Vale a pena visitar Marseille?

Sim, embora já tenha ficado repetitivo (e continuará em todas as demais cidades que ainda irei relatar), vale a pena visitar Marseille.

É uma das maiores cidades da França, conectada facilmente à Paris por trem ou avião.

Tem uma linda paisagem para o mediterrâneo, e embora eu tenha ficado pouco tempo na cidade, é uma cidade que desejo retornar e ficar pelo menos uns três dias para visitar mais a cidade e conhecer tudo o que for possível da história dessa cidade.

2 comentários sobre “Marseille: Um rápido olhar sobre esta cidade

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