Diferentemente da minha ida para Épernay e Reims, para o Vale do Loire e para o Mont Saint-Michel (você pode consultar aqui), eu optei por ir com visita guiada, pois esses dois lugares não possuem um acesso fácil para quem não está de carro.
Dessa forma, para não ter que pegar um trem e depois um ônibus (ainda assim seria mais rápido), eu preferi ir com a Paris City Vision.
Eu optei por ir no Vale do Loire no dia 2 de janeiro, uma quarta-feira, o ônibus partiria da agência, localizada próxima ao Louvre, com endereço: 2 Rue des Pyramides, por volta das 07h15, no e-mail após a compra, é solicitado que compareça no dia com pelo menos 30 minutos de antecedência, pois é necessário pegar o voucher (o que eu sinceramente acho desnecessário e burocrático).
Nesse dia, 5 ônibus partiriam para alguns destinos, então havia uma fila grande para pegar o voucher, mas não demorou muito.
Duração e Percurso
A partida ocorreu aproximadamente no horário combinado, atrasou alguns poucos minutos, mas nada que fosse grave demais.
Foram aproximadamente duas horas e meia de ônibus para percorrer a distância de Paris até o primeiro castelo do dia, Chenonceau.
Segundo o Google Maps, neste dia, foram percorridos aproximadamente 433 quilômetros, sendo gastos, portanto, 7 horas e 36 minutos dentro do ônibus da Paris City Vision.
Castelo de Chambord
Este Castelo, cuja construção foi iniciada nos primeiros anos do século XVI, em 1.519, por Francisco I, Rei da França.
Números nada modestos
É o maior Castelo do Vale do Loire e apresenta números astronômicos para a época em que foi construído, tais como: 156 metros de fachada, 426 salas, 77 escadarias, dentre elas a de Dupla-Hélice, atribuída à Leonardo Da Vinci, onde duas pessoas podem subir ou descer sem se encontrarem, 282 lareiras e 800 capitéis esculpidos.
Apesar da Escada atribuída a Da Vinci, ele não chegou a ver sua obra, pois morreu antes do início da construção do Castelo, porém no período que viveu na Corte de Francisco I, Da Vinci vendeu o quadro mais famoso do mundo para o Rei, a Mona Lisa, obra adquirida pela Coroa Francesa, portanto, pertencente ao Estado Francês por mais de 5 séculos.
Permanência Real
Apesar da exuberância do Castelo, o Rei Francisco I passou poucos dias nele, segundo estimativas não chega a 100 dias, durante todo o Reinado, que durou entre 1.515 e 1.547. Os períodos de permanência do Rei em Chambord eram curtos, pois o Castelo não é prático para estadas longas, pois estava situado longe de outras cidades e sempre foi um castelo difícil de ser aquecido, em razão de sua arquitetura, ou seja, no inverso seria praticamente impossível ficar no Castelo.
Alguns anos após a morte de Francisco I, o Vale do Loire foi ‘abandonado’, Chambord, dentre eles. Até que Louis XIII deu de presente o Castelo para seu irmão, Gaston, Duque de Orléans, que recuperou o esplendor do Castelo, o que foi continuado durante o Reinado de Louis XIV, que o ampliou, como a construção de um Estábulo, porém assim como Francisco, Louis XIV não permaneceu muito em Chambord, abandonando de vez em meados de 1.685.
O Parque Natural
O Domínio de Chambord, como é denominada a área do maior parque natural, ou seja imensa floresta com 5.440 hectares ou o equivalente ao tamanho do centro da cidade de Paris, sendo desde o início do Século XX uma propriedade do Estado Francês e por conter animais nativos é considerada uma área de Caça, porém apenas uma pessoa está habilitada a realizar caça dentro do território, o Presidente da França (assim como no passado a caça era permitida ao Rei da França), segundo a Guia, nenhum dos últimos presidentes franceses utilizaram do parque para caçar animais.
Degustação de Vinhos
O pacote que eu comprei, também permitiu a degustação de três vinhos do Vale do Loire, no castelo de Chambord, além dos vinhos também foi oferecido pequenos aperitivos com produtos também da região do Loire.
Porém, infelizmente não consegui tirar fotos, pois foi muito rápido.
Tempo Livre
A visita também dispôs de aproximadamente uma hora de visita livre pelo Castelo e parte dos jardins e pela loja que existe, onde é possível comprar vinhos, lembranças ou outros itens tipicamente turísticos.
Almoço
Saindo do Castelo de Chambord, partimos em direção a uma pequena cidade Cheverny, o almoço foi no Hotel-Restaurante Saint Hubert, onde não foi possível escolher os pratos, com três pratos:
Entrada
Uma generosa porção de tomate, cenoura, beterraba e outras duas coisas que eu não consegui identificar (e nem provei), para quem come de tudo, só a entrada já era um prato capaz de saciar a fome.
Prato principal
Arroz, salmão com molho típico da região e vagem (este último item não comi, não gosto).
No salmão havia pele e ‘gordura’ demais, porém deu para comer sem nenhum problema, especialmente não comendo a parte da pele.
Para quem fosse vegetariano (teria que avisar antes de chegar no Restaurante), o salmão seria substituído por uma espécie de Patê (as duas vegetarianas que estavam na mesma mesa não gostaram nem um pouco).
Sobremesa
Sem duvida a melhor parte do almoço, lembra um pouco a mistura de um pavê com bolo, simplesmente fantástico, pena que veio tão pouco
Durante a refeição também foi servido pão, vinho a vontade (não havia uma marca específica, vi a senhora do restaurante encher a garrafa em uma máquina semelhante aos refrigerantes (de cinema, restaurantes de fast food, etc.).
No final da refeição ainda foi disponibilizado café para quem quisesse tomar.
Nota Almoço
Considerando que não havia escolha do Menu, posso classificar esse restaurante com uma nota 6,5/10, já que não agradou os onívoros e os vegetarianos, porém possui uma grande quantidade de comida e de boa qualidade.
Castelo de Chenonceau
O trajeto do Restaurante até o Castelo de Chenonceau, levou cerca de 1 hora (saímos do restaurante por volta das 14h e chegamos no castelo às 15h).
Construção de Chenonceau
Nos moldes atuais, a construção foi iniciada três-quatro anos antes do Castelo de Chenonceau, em 1.515, não sendo inicialmente construído pelo Rei da França, mas sim pela Família Bohier, que trabalhavam para o Rei, alguns dizem que por suspeitas de desvio de dinheiro do Tesouro Real para a construção do Castelo, outro por sua vez dizem que em razão de débitos não pagos à Coroa, o Rei Francisco I confiscou os bens da família e entregou o Castelo para seu filho, então herdeiro da Coroa e futuro Henrique II.
Henrique II da França e suas Duas mulheres
Henrique por sua vez, inicialmente deu de presente para sua Favorita, Diane de Poitiers, sua principal amante, que foi a responsável por partes importantes do castelo como conhecemos hoje, sua principal marca foi a ponte arcada existente, além de parte dos jardins dos terrenos.
Após a morte de Henrique II, Catarina de Médici, Rainha Mãe e Regente(seu filhos, Francisco II, assumiu o trono e governou entre 1.559 e 1.560, seguido pelo seus irmãos, Carlos IX (governou entre 1.560 e 1.574 e Henrique III, que governou entre 1.574 e 1.589), expulsou Diana e assumiu a posse do Castelo e tendo apreciado o Castelo, optou por continuar as intervenções, dentre elas está a construção das Galerias, sobre a ponte, de forma a levar o Castelo para cima do Rio.
O Castelo das Damas
Em razão dessas três mulheres iniciais, Catherine Briçonnet, Diane de Poitiers e Catarina de Médici, bem como as três donas posteriores, o Castelo é conhecido como o Castelo das Damas.
Chenonceau Hoje
Hoje o Castelo é uma propriedade privada, pertencente à Família Menier, família do ramo de chocolates (que atualmente pertence à Nestlé) mantém a conservação do Castelo.
O Castelo de Chambord é o único de seu tipo (sobre uma ponte) no Vale do Loire.
Visita Guiada
Eu achei a visitação extremamente corrida, além de ser um castelo muito cheio, é o segundo mais visitado da França, só perde para Versailles. Ao todo ficamos cerca de 1 hora e alguns minutos no Castelo, passamos muito rapidamente pelos principais aposentos, a Guia chegou a contar algumas coisas, mas a visita ao meu ver foi extremamente superficial.
O tempo livre foi inexistente, pois não dava tempo de fazer nada, além de ir no banheiro ou comprar alguma coisa na lojinha do Castelo.
A saída, para retorno a Paris se iniciou por volta das 16h30, com uma parada no meio da estrada. Chegando em Paris por volta das 20h.
Pontos Negativos e Positivos
Idioma
Dentro do ônibus havia pessoas que falavam vários idiomas, japonês, Inglês, português e Espanhol, não lembro se havia algum outro idioma.
As pessoas foram divididas em dois grupos, um onde a guia falava em Inglês, para quem havia solicitado esse tipo de visita e o outro para os que falavam português e espanhol. E esse ao meu ver foi o grande defeito da visita.
Por mais que a Guia fosse Italiana e falasse muito bem o Espanhol e o Português, a visita foi feita num idioma intermediário, o Portunhol, com a mistura de ambos os idiomas, apenas em alguns casos que ela repetia o que havia dito no idioma anterior.
Porém, a visita que eu paguei foi para ser realizada em Português e não uma mistura com Espanhol. Então esse ponto me incomodou muito ao longo do dia.
Praticidade
Como disse, optei pela praticidade ao escolher a Visita Guiada, e nisso, é realmente útil, pois bastou chegar no horário na Agência e aproveitar o dia, sem me preocupar com horário de transporte e afins.
Conclusão
No geral, eu classifico esse passeio com uma nota 6,30. Pois o problema do portunhol, a rapidez na visita do último castelo faz com que perdesse pontos importantes.
Apesar disso, eu adorei visitar ambos os Castelos, é uma experiência simplesmente incrível poder estar num ambiente com quase 5 séculos de história real.
Se eu pudesse, teria feito o trajeto de Carro ou algum outro meio de transporte para aproveitar mais os Castelos e conhece-los no meu próprio ritmo e dormir ao menos uma noite na região para poder ir em pelo menos 4 castelos, já que o Vale do Loire é a região que mais possui castelos em toda a França.
Recomendo com toda certeza a ida ao Vale do Loire, seja por agências, como a Paris City Vision, quer seja individual.
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